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Real digital: tudo sobre a moeda virtual brasileira e como ela vai impactar o seu dia a dia

Novidade deverá ser implementada no mercado no final de 2024; Entenda como ela vai funcionar

Real digital: tudo sobre a moeda virtual brasileira e como ela vai impactar o seu dia a dia

Real digital (foto: unsplash/montagem/Getty)

, Redator

9 min

29 mai 2023

Atualizado: 29 mai 2023

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Você deve ter passado a ouvir muito mais sobre o real digital. O projeto do Banco Central do Brasil (BC) tem como objetivo acompanhar a transformação digital e as demandas da sociedade para os próximos anos. Na prática, é um novo meio de pagamento totalmente digital para os brasileiros.

O projeto consiste em uma proposta de moeda virtual brasileira baseada em CDBC (Central Bank Digital Currency) ou Moeda Digital do Banco Central, em tradução livre.

A novidade, que teve início em março deste ano como um projeto piloto e está prevista para ser implementada no mercado no final de 2024, será emitida e controlada pelo Banco Central, se diferenciando das criptomoedas, que são descentralizadas e não são controlados por nenhum órgão governamental.

“A ideia é que o real digital possa ser utilizado como uma forma de pagamento segura e eficiente, reduzindo os custos de transação e a inclusão de um maior número de pessoas no sistema financeiro, especialmente aquelas que não tem acesso a serviços bancários ou que vivem em regiões mais afastadas”, explica Tiago Malanski, assessor de investimentos na Phi Investimentos.

Real digital tem foco na inclusão financeira

Moeda digital, gráfico, online, finanças (Foto: D-Keine via Getty Images)

De acordo com o BC, a maior parte dos países vê as CBDCs como um potencial de melhorar a eficiência do mercado de pagamentos de varejo e de promover a competição e a inclusão financeira para a população ainda inadequadamente atendida por serviços bancários.

“A crise da pandemia evidenciou a importância de os instrumentos digitais de pagamentos chegarem aos segmentos mais vulneráveis e afetados da população. No Brasil, o BC vem acompanhando o tema há alguns anos e em agosto de 2020 organizou um grupo de trabalho, constituído pela Portaria nº 108.092/20, para a realização de estudos sobre a emissão de uma moeda digital pela instituição”, afirma o Banco Central.

Para Malanski, o BC tem grandes expectativas em relação à chegada do real digital e ao potencial que esse novo meio de pagamento pode trazer para a economia brasileira, porém existe alguns desafios que o órgão deve enfrentar com a implantação da moeda. 

“Como por exemplo, a aceitação da população. É verdade que atualmente existem boas soluções para pagamentos, como o Pix, mas o desafio é ir além dos serviços prestados e desenvolver novas funcionalidades. Acredito que exigirá um esforço de educação e conscientização por iniciativa do Banco Central e das empresas que adotarem a nova tecnologia”, aponta.

Já de acordo com Juan Ferres, CEO da Teros, o real digital é parte de um amplo arcabouço de modernização dos sistemas de pagamento e liquidação do país, que se baseiam no tripé Pix, Open Finance e real digital. “A integração dessas três infraestruturas revoluciona a capacidade do país de viabilizar, baratear e facilitar transações, aumentando a especialização da economia”, acredita.

Real digital poderá ser usado em qualquer transação?

Pagamento com celular (foto: Getty)

Neste início do projeto, estão previstos apenas alguns tipos de ativos financeiros que serão preparados para transacionar com a moeda digital brasileira. “O foco está em novos negócios e na integração com os sistemas atuais (Pix e Open Finance). E faz sentido, até porque, para várias utilizações do dia a dia, não há qualquer vantagem em usar uma moeda digital. O ganho está em aplicações novas e inclusão financeira, viabilizando novos modelos de negócios”, argumenta Ferres.

Além disso, vale saber que o real digital terá o mesmo valor do real físico e, futuramente, para ter acesso a ele, a pessoa terá uma carteira virtual em custódia (como se fosse o banco) de um agente autorizado pelo BC.

“No geral, o real digital deve trazer muitos benefícios para o cotidiano das pessoas, modernizando o sistema financeiro do país e tornando as transações mais eficientes e acessíveis. Além disso, é importante que as empresas fiquem atentas a esse novo meio de pagamento, para se manterem competitivas no mercado, pois esse modelo tem como proposta menores custos e uma maior confiança”, afirma Malanski.

Quais são as instituições autorizadas a testar o real digital?

O Banco Central divulgou uma lista com as primeiras instituições financeiras autorizadas a testar a nova moeda virtual. Ao todo, foram 36 inscritos, entre bancos, consórcios, financiadoras e outros. Os selecionados foram aprovados de acordo com conhecimento técnico e representatividade no setor.

Os testes começam em junho e devem durar 18 meses. Neste período, as instituições irão auxiliar o BC na avaliação da segurança e estabilidade da tecnologia utilizada para a aplicação do real digital – operando em larga escala e seguindo os protocolos estabelecidos pelo Sistena Nacional Financeiro (SNF). 

A lista de 14 instituições aprovadas é:

  1. Bradesco
  2. Nubank
  3. Banco Inter, Microsoft e 7Comm
  4. Santander, Santander Asset Management, F1RST e Toro CTVM
  5. Itaú Unibanco
  6. Basa, TecBan, Pinbank, Dinamo, Cresol, Banco Arbi, Ntokens, Clear Sale, Foxbit, CPqD, AWS e Parfin\
  7. SFCoop: Ailos, Cresol, Sicoob, Sicredi e Unicred
  8. XP, Visa
  9. Banco BV
  10. Banco BTG
  11. Banco ABC, Hamsa, LoopiPay
  12. Banco B3, B3 e B3 Digitas
  13. ABBC: bancos Brasileiro de Crédito, Ribeirão Preto, Original, ABC, BS2 e Seguro; ABBC, BBC

Quando e como o Real Digital será implementado?

De acordo com Fábio Araújo, economista do Banco Central, o lançamento do Real Digital deve acontecer em 2024, e será feito em fases.

Isso significa que a moeda será restrita a apenas uma parcela da população e aos poucos será liberada a todos. Além disso, no início, terá suas funcionalidades reduzidas.  Assim é esperado que ela se popularize rapidamente – assim como o Pix, que chegou no Brasil em 2019 e já bateu recordes entre os meios de pagamento.

Impacto do real digital na vida dos brasileiros

Diante de todas estas informações, com certeza você deve estar se perguntando o que pode mudar na nossa rotina com a entrada desta moeda virtual do Brasil. Então, saiba que o real digital irá gerar a capacidade de ter recursos em posse sem ter qualquer vínculo com uma instituição financeira, de programar transações diretamente sem precisar de um banco (e eventuais limitações de suas infraestruturas de tecnologia) ou de um agente custodiante.

“Entre os grandes ganhos, seguramente estão as transações internacionais e a facilidade para transferência direta de recursos e ativos, como por exemplo, adquirir títulos públicos diretamente, sem intermédio de qualquer plataforma”, conta Ferres.

Qual será o impacto do real digital para as empresas?

De acordo como CEO, para as companhias, os ganhos são até maiores. “Modelos de negócios podem ser viabilizados, como dispositivos de IOT (Internet das Coisas) com autonomia para executar uma transação e pagar diretamente por ela (carregando recursos digitais) e gestão única de caixa - e não de diferentes contas. Na verdade, o universo de usos de uma moeda digital é muito amplo e vários dos usos potenciais dependem da especificação da moeda”, esclarece.

Moeda digital é diferente de criptomoeda?

Bitcoin (Foto: Pexels)

Sim! É importante lembrar que uma criptomoeda não possui características de moeda. Isto porque existe uma diferença entre ativos reais e ativos financeiros. 

A moeda digital será um ativo real, assim vai fazer parte do cotidiano das pessoas em trocas de bens físicos que estão diretamente ligados à economia real. Ou seja, trazem retornos diretos para a sociedade porque estão relacionados com a sua capacidade produtiva.

Já as criptomoedas estão dentro da categoria dos ativos financeiros (por isso podem ser chamadas de criptoativos também). Elas não têm presença física e são representadas por documentos. Portanto, não são bens, nem mercadorias, mas sim contratos que são negociados no mercado financeiro. 

Moedas digitais ao redor do mundo

Atualmente, existem vários países estudando a possibilidade de uma moeda digital, como China, EUA, Reino Unido e Bahamas. Sendo que a primeira CDBC lançada foi a sand dollar, em outubro de 2020, e é a moeda virtual do Banco Central de Bahamas. “Mas, pelo tamanho e importância deste país no cenário global, a sand dollar tem um impacto quase nulo no todo, sendo usado como referência para estudos e pesquisa pelos outros países”, analisa Fulvio Xavier, diretor de projetos especiais do Mercado Bitcoin.

Ainda de acordo com Xavier, entre os países com maior repercussão econômica mundial, a China está mais adiantada nos seus modelos com o yuan digital, que já passou por testes públicos por lá.

“O Canadá também está em fase piloto. Existem projetos de atacado, de varejo e cada lugar usa uma plataforma ou padrão diferente. Já nos Estados Unidos e na maioria dos países europeus, a fase é ainda de pesquisa, entendimentos e escolha do melhor modelo. Porém, ainda é cedo para determinar completamente o impacto a longo prazo da moeda digital em economias que estão considerando a implantação desse novo modelo de pagamento”, finaliza o diretor de projetos.

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