Os ventos mudaram. O período de muito capital e pouco controle de gastos acabou. Veja o que esperar!
(Foto: Kelvin Murray via Getty Images)
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* Erica Fridman e Mariana Figueira são cofundadoras do Sororitê
Nos últimos três anos, o ecossistema de startups brasileiro cresceu de forma extraordinária. O volume de investimentos de Venture Capital mais que quadruplicou, passando de R$10.8 bilhões em 2019 para R$46.5 bilhões em 2021, de acordo com pesquisa da Associação Brasileira de PE/VC e KPMG. A grande liquidez no mercado se traduziu em uma euforia que produziu super rodadas e super valuations.
Desde o início de 2022, no Brasil e no resto do mundo, o mercado de ações vem sendo chacoalhado com juros altos (no início de maio, a taxa Selic subiu para 12.75% e taxas desta magnitude inibem investimentos na economia real, ainda mais aqueles de natureza mais arriscada como os investimentos em startups), inflação e também pela guerra na Ucrânia. Só neste ano, o índice Nasdaq já perdeu 29% do seu valor.
Diante deste cenário, não demorou muito para o ecossistema de novas empresas começar a sofrer com o cenário macroeconômico. Nos últimos meses, já testemunhamos várias startups unicórnios realizando demissões em massa – o presidente global da Uber chegou a declarar que a empresa ficará mais lean e que “contratar será considerado um privilégio”. Além disso, duas gigantes do setor de Venture Capital (VC), a Y Combinator e a Sequoia, publicaram documentos de comunicação para as suas aceleradas e investidas que cimentaram esta nova era. Os ventos mudaram. O período de muito capital e pouco controle de gastos acabou.
Durante o “boom” dos últimos três anos na liquidez em VC, as startups com pelo menos uma mulher fundadora representaram 9.1% e somente 2.2% do volume de capital levantado. Esses números nos levam a entender que capital não era o problema.
O cenário atual possui alguns pontos bem diferentes em comparação a outros cenários em que houve menos liquidez. A agenda de diversidade e ESG nunca foram tão relevantes, o que pode contribuir para que as fundadoras mulheres sejam mais vistas.
Para os investidores, este é um ótimo momento para investir em empresas com valuations mais reais, menos inchados. Recentemente li que “ unicórnios amam crises”. Se a história se repetir ( o que quase sempre acontece), teremos uma safra de novos unicornios sendo criados como aconteceu na crise de 2008 que produziu Airbnb, Uber, Github, etc…
Em sua carta “Se adapte à durabilidade”, a Sequoia citou uma famosa frase de nosso querido Ayrton Senna: “não dá para ultrapassar 15 carros debaixo do sol mas, quando está chovendo, é possível”.
Mais do que nunca, este é um excelente momento para empreendedores que são criativos com fundraising menores e mais responsáveis no gerenciamento do seu cash burn. Quem sabe a tempestade no mercado de VC não passa a ser um marco para que founders sejam premiados por pensarem grande, mas também por serem disciplinados.
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