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Por que Meredith Whittaker classifica o ChatGPT como uma “porcaria"?

“É um ecossistema de informação regido por desinformação”, disse a presidente da Signal Foundation, sobre a Inteligência Artificial

Por que Meredith Whittaker classifica o ChatGPT como uma “porcaria"?

Presidente do Signal, Meredith Whittaker, fala à plateia durante o Web Summit Rio (Crédito: Piaras Ó Mídheach/Web Summit Rio)

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3 mai 2023

Atualizado: 19 mai 2023

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Meredith Whittaker é do tipo de pessoa que fala sem rodeios. O estilo despojado e direto da presidente da Signal Foundation, responsável pelo app de mensagens homônimo, fez com que fosse ovacionada pela plateia após sua participação no palco principal do Web Summit Rio, nesta terça (2).

Em entrevista exclusiva concedida ao Startups, a executiva (que também trabalhou no Google, do qual se tornou uma crítica implacável) não poupou o “bullshit” (ou ladainha, se preferir), um dos seus adjetivos recorrentes no vocabulário, ao falar da relação entre as empresas iniciantes no segmento de inovação e as big techs.

“Vejo muitas mentiras [sobre inteligência artificial]. Quero dizer, o que elas [startups] estão, de fato, fazendo no mundo? A maioria das startups, definitivamente, está licenciando infraestrutura das maiores empresas de tecnologia de fora do Brasil, dos EUA e talvez da China”, provocou a executiva.


Para Meredith, a maioria das startups está simplesmente repaginando a IA que foi criada pela outra companhia – ou seja, elas não são “donas” de fato nenhuma tecnologia.

“Eles licenciam a API de reconhecimento facial da Amazon, colocam uma nova roupagem nisso e as lançam como assistência médica, fintech, medicina. Isso é o que nós temos que ter em mente: quais os incentivos que elas [big techs] estão dando para startups? Eles não têm nenhum motivo para revelar isso porque contratos entre startups e empresas de big tech, quando a startup está licenciando a IA, são sigilosos por si só. Então não há transparência pública sobre o quão concentrado o mercado de IA é”, disparou.

Ao público geral do Web Summit Rio, o tom geral da fala de Whittaker foi claro, direto e muito cáustico: a inteligência artificial é um subproduto de conhecimentos significativos e agregados por diversas maneiras – incluindo o que ela chama de “propaganda de vigilância”, isto é, anúncios que coletam uma variedade de dados quando são exibidos às pessoas. Eles, por sua vez, estão concentrados nas mãos das big techs como Google e Amazon.

“É muita concentração de poder, e esse é o conceito das big techs. Precisamos focar nas intenções de quem controla a IA. E eu estou interessada em regular os seus recursos”, avaliou, classificando o ChatGPT como uma “porcaria”: “É um ecossistema de informação regido por desinformação”, ponderou.

Presidente do Signal, Meredith Whittaker, fala à plateia durante o Web Summit Rio (Crédito: Piaras Ó Mídheach/Web Summit Rio)

A executiva também classifica a vigilância on-line durante os últimos 20 anos como uma “metástase” proveniente tanto de governos quanto de empresas de tecnologia. “Precisamos preservar a habilidade de nos comunicarmos em privado”, alertou. Segundo ela, o Signal mantém um sistema de encriptação que protege, inclusive, o nome e demais dados pessoais do usuário.

Google e o PL das fake news

Ao Startups, a presidente do Signal preferiu ser cautelosa ao falar sobre o PL 2630/20, projeto atualmente em tramitação no Senado e cuja intenção é inibir a distribuição de fake news penalizando as plataformas que as veiculam.

Entenda sobre o caso: PL das Fake News pode acabar com Google, Instagram e Telegram no Brasil?

“Não sou brasileira. Não sou uma expert no projeto de lei de fake news do Brasil. Acho que há pessoas que vivem aqui que vêm observando isso mais de perto, como pessoal da Internet Lab [da UFRJ], que faz um trabalho realmente bom para a sociedade, monitorando esses movimentos e advogando pelos direitos digitais”, elogiou.

O Google causou polêmica na última segunda-feira (1º) ao veicular, em sua página principal, um link sob título “A PL das Fake News pode piorar sua internet”, que redirecionava ao blog da empresa, em cujo texto se criticava o teor do projeto de lei.

O link foi retirado do ar após a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacom) entender que o link deveria ser sinalizado como conteúdo publicitário, sob pena de multa de R$ 1 milhão por hora em caso de descumprimento.

Após a polêmica, o deputado federal e relator Orlando Silva (PT-SP) pediu o adiamento da votação do projeto de lei, que foi acatado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Segundo ele, a extensão do tempo se deveu a consultas feitas com deputados ao longo de terça-feira (2). A estimativa é que o projeto volte à pauta em cerca de duas semanas.

Whittaker, por sua vez, avalia a questão como “complexa”. Segundo ela, em um mundo ideal o governo tem o papel de operar para as pessoas – e se o governo não está fazendo o que é o melhor para as pessoas, vocês têm que substituí-lo.

“O único ponto de um governo é garantir que recursos estejam sendo distribuídos e, em outro ponto, que ele seja um reflexo da vontade democrática. [Mas] Sempre é um problema quando uma corporação multinacional enorme tenta colocar suas garras em grande escala, de uma forma ou de outra, e não quero comentar as particularidades do projeto de lei, ou a posição do Google em particular. Mas tenho certeza que o lobby [do Google] vem sendo ecoado por muitos em público, e por muitos lobistas que também são pagos por isso, e a posição do Google está, alta e claramente, sendo ouvida pelos políticos que interagem com esses lobistas”, concluiu a executiva.

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