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Low-code e no-code: Por que tanto auê entre as startups?

O que está por trás do hype de startups low-code e no-code? Entenda

Low-code e no-code: Por que tanto auê entre as startups?

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O ecossistema está com os olhares voltados às tecnologias low-code e no-code, que possibilitam o uso de baixo ou nenhum código no desenvolvimento de softwares e apps. De um lado, startups lucram oferecendo estas plataformas para o mercado. Do outro, startups se rendem aos encantos de ambas as tecnologias para o desenvolvimento de seus produtos.

Na prática, as plataformas low-code e no-code permitem o lançamento de produtos digitais com mais rapidez e menos envolvimento das equipes de TI. Assim, profissionais com pouca ou zero noção de programação podem criar seus próprios softwares — a plataforma já deixa uma estrutura de códigos pronta e exige que a pessoa apenas siga etapas simples de configuração.

Mas apesar do hype atual, tais plataformas não são necessariamente uma novidade. O low-code foi a primeira dessas tecnologias a ganhar espaço, e tende a crescer ainda mais. Segundo projeção do Gartner, até 2024, cerca de 65% dos softwares no mundo serão desenvolvidos a partir do low-code, com um crescimento médio de 40% ao ano. A consultoria também revela que o mercado de low-code movimentou cerca de US$ 13,8 bilhões (R$ 72,67 bilhões) em 2021 no mundo, um aumento de 22,6% em relação a 2020.

Alexandro Strack e Maurício Longo, criadores da consultoria Mundo Exponencial, evangelizam tais tecnologias há pelo menos 2 anos, mas desde 2012 já trabalham com ambas para transformar negócios. Uma das principais diferenças entre as plataformas low-code e no-code apontadas por eles é o custo.

“As ferramentas low-code mais desenvolvidas, como as da Outsystems, por exemplo, estão no mercado há um tempo significativo (entre 12 e 14 anos) com foco em atender o problema de uma empresa. Só que para usar a plataforma plenamente, o custo inicial é bem elevado, pelo menos R$ 1 milhão/ano, algo totalmente fora do alcance da maioria das startups”, afirma Maurício. 

Já o no-code tem sido preferência de quem não é tão técnico e não pode gastar uma fortuna com a solução — o Bubble, por exemplo, uma das mais antigas, é bem mais em conta — tampouco para contratar um desenvolvedor (aqui também entra a questão do GAP de talentos no mercado que ainda é uma pedra no sapato). “É mais fácil e rápido criar um MVP no-code do que com código”, acrescenta Alexandro. 

Desafogando a área de TI

Na visão de Bruno Bannach, cofundador e presidente da Jestor, startup que oferece plataforma no-code customizável e intuitiva, a busca por plataformas do tipo vai além do fato de muitas empresas não conseguirem contratar desenvolvedores, seja pelo custo ou pela falta de profissionais.

“O que tenho visto é que o time de negócios precisa resolver um problema nas operações internas e o time de TI não consegue atender a demanda por estar lotado de outras demandas. Então, eles partem para uma plataforma no-code para resolver isso, aliviando a TI para focar na aplicação core da empresa”, opina.

Fundada em 2020, a startup brasileira com sede na Califórnia (EUA) permite que startups e empresas (de todos os portes) criem aplicativos, automações e bancos de dados sem código, substituindo planilhas e ERPs. Dessa forma, é possível construir seu próprio sistema interno para gerenciar todas suas operações (financeiro, RH, etc) em um único lugar.

Homem olhando para tela de computador com código (foto: Peter Gombos/Unsplash)

A startup não cobra por número de usuários ou por funcionalidade, mas sim por uso – uma métrica em que o usuário vai pagar mais quanto mais ações realizar na plataforma. A Jestor oferece uma versão completamente grátis para uso pessoal e empresas que estão começando, e outros 4 planos pagos, todos com usuários ilimitados. 

Mais de 18 mil contas já foram criadas na plataforma da Jestor, em mais de 10 países. Loft, Sami e Endeavor são algumas empresas clientes. Em constante crescimento, a startup está passando por um rebranding e mudanças no design do produto, novidades que devem ser anunciadas no próximo mês. 

Devs forever

A facilidade de desenvolvimento trazida pelo low-code e no-code não significa que, daqui 5 ou 10 anos, ninguém mais vai precisar programar. É o que defende Paulo Silveira, presidente do Grupo Alura, detentor da maior plataforma brasileira de cursos online de programação de mesmo nome. 

“Acredito que isso vai ser um novo mercado para pessoas que precisam automatizar seus processos, o que não vai implicar em tirar as vagas de desenvolvedores. É um outro público usando essas ferramentas”, comenta Paulo. 

“Nerd raiz” confesso, ele inclusive colocou em prática no ano passado o Manifesto Tech, ambiente de discussões online para conscientizar as empresas da importância de contratar mais pessoas em início de carreira. “Se as empresas não virem isso agora, não terão profissionais plenos e seniores em programação daqui 5 anos”, afirma. A iniciativa possui 23 assinaturas de empresas como Gupy e PicPay, e outras 120 estão na fila de espera.

Curiosamente, na plataforma da Alura não são encontrados cursos classificados pelos termos low-code ou no-code. Os cursos mais procurados são o de programação propriamente dita: Java, front-end, linguagem Pyton etc. A empresa conta hoje com 3.200 clientes B2B, que representam 50% do seu faturamento. Em grande parte são startups para fazer o onboarding das pessoas em tecnologias específicas. 

“Por mais que uma startup contrate um dev experiente, às vezes ele não conhece aquela tecnologia. Por exemplo, muito do onboarding no Nubank é feito por alguns cursos da linguagem de programação clojure da Alura – inclusive, já criamos alguns cursos juntos”, conta Paulo.

Na dúvida se sua startup deve investir em uma plataforma no-code ou low-code? Alexandro, da Mundo Exponencial, deixa um recado: “Se permitam utilizar essas ferramentas, acreditem no potencial do que podem conseguir com elas. Não menospreze o fato de não contar com um programador construindo sua solução”, diz o especialista. “Dependendo da sua ideia, é muito mais importante o trabalho de validação dela em cima do produto digital, do que a perfeição do produto em si, para começar a fazer o seu negócio girar”.

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