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Essa startup aposta em impressão 3D para criar órteses biodegradáveis

As peças são feitas em PLA (ácido poliláctico), um plástico termomoldável composto por bagaço da cana-de-açúcar, milho e beterraba

Essa startup aposta em impressão 3D para criar órteses biodegradáveis

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Em mais um exemplo de como a tecnologia está otimizando a área da saúde, a healhtech Fix It criou uma solução capaz de produzir órteses biodegradáveis impressas em 3D. Desde seu lançamento, em 2019, a startup impactou mais de 10 mil pacientes e conta com 108 clientes licenciados, entre clínicas e hospitais.

Na prática, o que a companhia vende é um software. O profissional – um público em sua maioria formado por ortopedistas, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais – adquire a licença para utilizar a tecnologia Fix It no seu consultório. Identificada a lesão, o médico coleta as medidas para o preparo da tala, cadastra as informações na plataforma e define o modelo.

Os dados são enviados para o time de produtos da healthtech, que ajustam uma órtese padrão aos moldes do paciente. Depois, a Fix It cria um arquivo para a impressão e envia para aos hospitais, equipados com uma impressora 3D. A fabricação é feita nas próprias clínicas, evitando gastos de logística e entrega dos produtos. As instituições de saúde que não tiverem impressão 3D podem encomendar as órteses de um ponto de impressão mais próximo.

O negócio começou a operar no modelo atual em 2019, idealizado pelo fisioterapeuta Felipe Neves e o biomédico Hebert Costa, em Natal (RN). A empresa aumentou sua produção em mais de 350% no 1º ano e 150% no seguinte. Com o apoio de seus 20 colaboradores, a healthech projeta chegar a 346 licenças vendidas até o fim do ano, com um faturamento em torno dos R$ 3 milhões.

Pegada sustentável

As peças são feitas em PLA (ácido poliláctico), um plástico termomoldável composto por bagaço da cana-de-açúcar, milho e beterraba. “O gesso, utilizado nas órteses tradicionais, é muito poluente. Ele gera gases tóxicos para a natureza e, dependendo do descarte, se torna inflamável”, explica Felipe. Segundo a startup, o uso das órteses de PLA já ajudaram a reduzir 5 toneladas de gessos descartados de forma incorreta no mundo.

Mas a sustentabilidade da empresa não se limita à matéria-prima dos produtos. A produção da Fix It é feita sob demanda, evitando o desperdício das peças e dos materiais utilizados. “Outro ponto é que como vendemos um arquivo digital via nuvem, não há gastos com combustível para o transporte, nem emissão de poluentes para uma logística de entrega”, comenta o executivo.

A companhia está desenvolvendo um projeto para fazer a coleta das órteses e reutilizar o material em novas impressões. “Também queremos mapear todas as composteiras, facilitando [o descarte correto] aos pacientes e instituições de saúde”, completa Felipe. De acordo com os empreendedores, o material das órteses torna as peças leves, arejadas, fáceis de limpar, resistentes, à prova d’água e não-alergênicas, o que proporciona mais conforto aos pacientes.

Paulista, só que não

Segundo os cofundadores, um dos principais erros que a mídia comete é chamar a Fix It de empresa paulista. Eles até entendem porquê isso acontece. Apesar de ser fundada em Natal, a healthtech teve que se instalar em São Paulo para realmente se desenvolver.

“O Nordeste até tinha a inovação, com os equipamentos necessários e acesso à tecnologia da impressora 3D. O problema era a validação da tecnologia No Sudeste tínhamos aberturas que, aqui, não existiam”, diz Felipe. Tudo acontecia na capital paulista: eventos, acelerações, pitches, premiações… E durante 2 anos, a dupla se jogou no estilo de vida startupeiro. 

Entre 2016 e 2017, a Fix It participou do InovAtiva Brasil, Campus Party, Braskem Labs e até do Shark Tank. Com o programa da ACE Startups, a healthtech garantiu R$ 150 mil para acelerar o desenvolvimento do produto e, no ano seguinte, levantou R$ 800 mil da gestora Veros (hoje GR8 Ventures) e investidores-anjo. A companhia entrou para o time da Eretz Bio, incubadora de startups do Hospital Albert Einstein e recebeu investimento da Unimed, de R$ 360 mil.

“A mudança para SP foi vital para o negócio. Infelizmente, sabemos que o projeto teria morrido se ficássemos em Natal”. O status de paulista, pontua Felipe, fazia as pessoas valorizarem mais o negócio. “Muitos achavam que éramos de São Paulo, porque a mídia nos apresentava assim. Apesar de errado, nos potencializava muito culturalmente”, relembra. Mesmo assim, os empreendedores falavam – e ainda falam – com orgulho, que a Fix It é potiguar.

O empreendedor reconhece que o cenário está mudando, com iniciativas para potencializar startups fora do eixo Rio-SP. “Acredito que daqui 3 anos, teremos um cenário favorável.” Durante a pandemia, com o negócio já consolidado, a dupla voltou para a terra natal – que é, literalmente, em Natal. Nos próximos planos está uma série A, a ser concluída no começo do próximo ano para focar em marketing e vendas.

Made In Brazil

Perguntado sobre os concorrentes, Hebert observa que, no Brasil, outras startups ainda estão em estágios muito inicial comparados com o da Fix It. Uma delas é a Hefesto, que também elabora órteses customizadas em material reciclável e faz parte do Eretz Bio. “Concorrentes potenciais, mas que ainda não têm a nossa capilaridade.”

A disputa real está fora do país, com a norte-americana Activarmor e a espanhola Xkelet. Os cofundadores da Fix It acreditam que o diferencial da healthtech é o modelo de negócio. “Como é um software, é fácil de descentralizar a produção e crescer rapidamente. O concorrente entrega a órtese em uma média de 4 dias, a gente faz em no máximo 48 horas”, pontua Hebert.

Como a própria clínica faz a impressão das peças, a Fix It consegue reduzir custos de produção e logística. O resultado é um serviço até 10 vezes mais barato, segundo os empreendedores. “A máteria-prima não é cara. Não exige outros equipamentos, como scanner, nem pagar pelo transporte.

Além do Brasil, a companhia atua na Argentina, Paraguai e Uruguai, e tem licenças em desenvolvimento em Moçambique. A startup é parceria do projeto Fisioterapia Sem Fronteiras, na Tanzânia, e está em fase de implantação na Suíça e em El Salvador. Os planos para 2023 é internacionalizar ainda mais, sem deixar de lado a expansão pelo Brasil. “A gente luta contra a síndrome do vira-lata. A Fix It tem tido uma baita oportunidade para liderar esse mercado mundialmente e temos certeza de que vamos seguir espalhando o negócio mundo afora”, conclui Felipe.

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