Dentro da batalha silenciosa que conecta NVIDIA, Taiwan e a disputa global pelo controle da performance computacional.
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5 min
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28 jul 2025
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Atualizado: 28 jul 2025
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A trajetória da NVIDIA é um dos maiores casos de visão estratégica da história recente. Jensen Huang, seu fundador, enxergou duas décadas antes de quase todo o mercado que as placas de vídeo (GPUs), criadas inicialmente para renderizar gráficos, poderiam ser o motor do futuro da computação paralela.
Quando o mundo ainda estava obcecado por processadores centrais (CPUs), a NVIDIA apostava silenciosamente em algo maior: acelerar qualquer processo computacional que pudesse ser distribuído em paralelo — como simulações, big data, machine learning e, mais recentemente, inteligência artificial generativa.
Mas o segredo não está apenas nas placas. O diferencial está no ecossistema:
CUDA: a plataforma de programação que fidelizou milhões de desenvolvedores ao seu hardware.
TensorRT, cuDNN, NeMo, Triton: frameworks otimizados que transformam o uso das placas em vantagem real de performance.
Parcerias com gigantes: OpenAI, Google, Amazon, Meta, Microsoft — todos treinam seus modelos em clusters NVIDIA.
Plataformas verticais: como o Omniverse (simulação de mundos virtuais) ou o DGX Cloud (supercomputação como serviço).
A NVIDIA não vende hardware. Ela aluga futuro.
O verdadeiro produto da NVIDIA é a capacidade computacional sob demanda. É como se a empresa tivesse se tornado a nova Google da inteligência artificial, com controle absoluto sobre o insumo mais escasso do momento: performance em larga escala.
E a escassez é real: há fila de espera global para conseguir placas H100 ou B200. Países inteiros não conseguem comprar. Empresas menores sequer entram no jogo.
Isso cria um novo tipo de poder: o monopólio da aceleração. E quem controla a velocidade da inovação, controla a inovação.
Mas até mesmo a NVIDIA tem uma vulnerabilidade. Ela não fabrica seus próprios chips. Para isso, depende da TSMC, a mais avançada fundição do planeta, com sede em um dos lugares mais sensíveis do mundo: Taiwan.
A TSMC é a única capaz de fabricar, com escala, os chips mais sofisticados do mundo — incluindo os da NVIDIA, da Apple, da AMD, da Qualcomm e até de startups como a Furiosa AI.
Sua vantagem está nas tecnologias de 5nm, 3nm e futuramente 2nm, que só são possíveis graças às máquinas de litografia produzidas pela holandesa ASML, outro monopólio global.
E aqui entra a geopolítica.
Taiwan é reivindicada pela China, que a considera uma província rebelde.
Os EUA, por outro lado, dependem da TSMC para manter sua liderança tecnológica.
A ASML, na Europa, está sendo pressionada a limitar suas exportações para a China pelos norte-americanos.
Esse triângulo cria uma bomba-relógio. O controle de Taiwan se tornou tão estratégico quanto o controle do petróleo foi no século XX.
Se a China invade Taiwan, o mundo entra em recessão computacional.
Se os EUA perdem acesso à TSMC, perdem o domínio da IA.
É por isso que o destino da NVIDIA, da TSMC e da IA em geral está diretamente atrelado à estabilidade geopolítica do estreito de Taiwan. Esse pequeno pedaço de terra é o epicentro tecnológico da era digital.
Durante a Guerra Fria, o mundo disputava ogivas. Hoje, disputa chips.
A China investe trilhões para construir sua própria cadeia de suprimentos, com empresas como SMIC, Biren e Huawei.
Os EUA criaram o CHIPS Act para estimular fábricas domésticas e subsidiar empresas como Intel, Micron e TSMC em solo americano.
A Europa busca proteger a ASML como uma joia nacional e limitar sua cooperação com o Oriente.
Esse movimento não é apenas comercial. É estratégico, militar e diplomático.
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Fundador do StartSe, empresa de educação continuada com sede no Brasil e operações no Vale do Silício e na China. Empreendedor há mais de 10 anos, apaixonado por vendas e criação de produtos. Trabalha todos os dias para "provocar novos começos" através do compartilhamento de conhecimento.
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