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Como a Inteligência Artificial evita a perda alimentar

Agtechs criam soluções para evitar a perda de alimentos no campo e produzir alimentos de alta qualidade.

Como a Inteligência Artificial evita a perda alimentar

Agricultor em plantação com tablet (foto: Getty)

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Um oferecimento

Por Emily Nery

Você pode não saber, mas para cada fruta, leguminosa e hortaliça expostas em um supermercado, muitas outras foram desperdiçadas na cadeia produtiva. Cerca de 10% de toda produção alimentar brasileira é perdida ainda da fase da colheita, segundo dados da ONU com colaboração da Embrapa. Essa carência ocorre justamente quando o alimento está em sua fase de crescimento e maturação. Plantas daninhas, altos níveis de chuva, seca e a falta de tecnologia são alguns dos motivos que levam à alta perda de comida no campo e, consequentemente, à baixa produtividade do agricultor. 

Uma das grandes aliadas na redução do Food Loss tem sido a inteligência artificial. A tecnologia proporciona monitoramento de safras, ajuda no desenvolvimento das plantações e até identifica possíveis pragas e doenças antes que se espalhem para todo o cultivo. Hoje já existem diversas iniciativas empreendedoras que enxergam na tecnologia no campo um estratégico modelo de negócio para investir no Brasil, o “celeiro do mundo”. 

MONITORAMENTO REDUZ A PERDA DE FRUTAS

Trator em plantação (foto: Jed Owen/Unsplash)

Fundada em 2016, a Adroit Robotics atua no acompanhamento de laranjais para melhoria da produtividade. Com clientes localizados majoritariamente no estado de São Paulo, a Agtech desenvolveu um sensor responsável pelo monitoramento e rastreamento da plantação. O recurso é acoplado a um trator e basta uma ronda periódica ou mesmo aproveitar as operações das máquinas no campo para que o aparelho consiga capturar imagens detalhadas das árvores e seus frutos. 

Dessa forma, o software é capaz de informar a quantidade de frutas, quantas estão verdes e maduras, seus diâmetros médios, a existência de possíveis ervas-daninhas, bem como a quantidade de frutas no chão e a área de cada planta. Todos esses dados são traduzidos ao agricultor, que as recebe em forma de gráficos e mapas de calor. 

Pela expertise em pomares de laranja, o software da Adroit consegue informar ao fazendeiro qual o tempo médio que levará para a fruta estar madura, assim como avisá-lo se as laranjas no chão ainda podem ser aproveitadas. Como resultados em curto prazo do uso do software, Fabio Terracini, sócio-gerente da empresa, relata o aumento da produtividade, a diminuição da perda de laranjas e até uma economia direta na compra de novas áreas de plantio, uma vez que a mesma área plantada consegue ser mais produtiva do que antes. 

Fábio conta sobre um cliente que acreditava, por experiência, que as laranjas já estavam prontas para serem colhidas. Mesmo assim, procurou a empresa para uma segunda opinião. Então, utilizou o sensor na plantação para obter dados com precisão. O software revelou que as frutas estavam miúdas e se desenvolveram menos devido à seca que atingiu o estado paulista. Após 40 dias de acompanhamento, o sensor verificou que elas estavam no diâmetro correto para serem colhidas. O executivo comenta que bastou a laranja crescer mais 5 mm para que um hectare que antes produzia 800 caixas passasse a produzir 1.100 caixas. 

AGREGAR VALOR AO PRODUTO

Trator equipado com sensores da Adroit Robotics (foto: divulgação)

Um dos principais pontos positivos do monitoramento ao produtor foi o ganho de lucro com a mercadoria, em consequência da redução de perdas na colheita. Uma vez que o agricultor assegura a qualidade dos seus produtos – todos com o mesmo tamanho, cor parecida e sem avarias – ele pode agregar valor ao alimento. O consumidor, por sua vez, tem a segurança de saber que comprou uma fruta ou legume que passou por um rígido teste de qualidade e teve todo o seu desenvolvimento monitorado. 

Ao todo, a Adroit já analisou 80 milhões de árvores e cerca de 1 bilhão de frutos. Atualmente, atende produtores cuja área de plantio é superior a 300 hectares. Para o início de agosto, a marca pretende lançar seu dashboard para smartphones (hoje, a tecnologia está disponível para tablet e computador). Assim, o produtor terá acesso aos dados de sua plantação na palma de sua mão. Para o futuro, a ideia é identificar precisamente qual a doença que acomete a fruta e não somente apontar que o alimento possui anomalias.

COMO OTIMIZAR O USO DE HERBICIDAS

Sensor de plantações da Cromai (foto: divulgação)

Guilherme Castro estava terminando seu doutorado em engenharia da computação quando fundou a Cromai, em 2017. O empreendedor, de família de agrônomos, entendeu que a inteligência artificial poderia ser grande aliada no aumento de produtividade e diminuição da perda de alimentos no campo. O foco da Agtech é mudar o padrão de manejo de plantas daninhas.

Hoje, a empresa atende culturas de café, soja e cana-de-açúcar. O monitoramento é feito por meio de drones e sensores que identificam as possíveis deficiências dos plantios, bem como seus graus de maturação e a existência de ervas daninhas. Hoje a Cromai atua principalmente em soluções que promovem eficiência do uso de herbicidas nas lavouras de cana por produtores que buscam maior produtividade.

Dessa forma, as imagens aéreas são transformadas pelo software em informações sobre a plantação. O recurso gera um arquivo para o produtor com a identificação da espécie da planta daninha e o local preciso onde ela está. Com essa informação, o agricultor consegue saber qual herbicida usar para eliminar aquele tipo de planta e, assim, aplicar uma quantidade muito menor do produto do que utilizaria se não soubesse com precisão qual a área alvo. 

“Normalmente, os produtores aplicavam o herbicida na plantação inteira, pois não sabiam onde estava a [planta] daninha. Além disso, como não sabiam especificamente o tipo dela, acabavam usando um produto que não era muito eficaz”, comenta Guilherme. O engenheiro aponta que o uso de herbicidas em plantas saudáveis atrapalhava em até 8% a eficiência do campo. A identificação precoce e a pulverização acurada do produto faz com que um maior número de alimentos cresça de forma saudável e menos deles sejam jogados fora. 

SAFRA MAIS RENTÁVEL

Frutas à venda (foto: Alexander Schimmeck/Unsplash)

No momento, a Cromai atua tanto em pequenas quanto grandes plantações. Ela presta serviço diretamente para usinas de cana-de-açúcar, enquanto parceiros fornecem a tecnologia para produtores menores. Guilherme conta sobre um caso interessante que ocorreu com seu cliente, uma usina referência em inovação e energia. Para estudo de caso, a empresa utilizou uma área de cerca de 1.000 hectares para testar como o uso da inteligência artificial aumentaria a rentabilidade da safra. 

Primeiramente, detectaram as áreas em que estavam surgindo plantas daninhas e quais eram seus tipos. Depois, pulverizaram somente os pontos afetados. Esse novo cuidado preventivo e assertivo fez com que o gasto com herbicida caísse em 68%, enquanto a produtividade cresceu e o retorno financeiro, somente no local estudado, superasse os R$ 82 mil. Além disso, a empresa economizou combustível e água, reduziu a emissão de CO2 em cerca de 66% e não precisou gastar com força extra de trabalho. 

Guilherme comenta que, com um ano de Cromai, a empresa foi convidada a fazer um pitch na Brazil Conference em Boston, EUA. Os organizadores do evento a selecionaram como uma das cinco startups de maior potencial de impacto. Mais uma demonstração da importância estratégica das soluções tecnológicas para a agricultura. Não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

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