Carros: a nova batalha das big techs

A próxima revolução no transporte não será liderada por montadoras tradicionais — será travada entre gigantes da tecnologia. Google, Amazon e Tesla estão em guerra aberta para conquistar o domínio dos carros autônomos e robotaxis. O que antes parecia um experimento de laboratório agora começa a se materializar nas ruas, com protótipos rodando, fábricas inauguradas e modelos de negócios sendo testados em tempo real.

A Waymo, empresa do Google, saiu na frente. Com operações em cidades como Phoenix, São Francisco e Los Angeles, ela já realiza mais de 250 mil corridas por semana com veículos totalmente autônomos. Seus carros, equipados com sensores de última geração, já rodaram milhões de quilômetros e se tornaram referência em segurança e performance. Recentemente, a empresa anunciou expansão para Nova York, Atlanta e até Tóquio, numa ofensiva global que consolida sua posição de líder técnica do setor.

Enquanto isso, a Amazon aposta na Zoox, uma startup adquirida por US$ 1,2 bilhão em 2020. Diferente da Waymo e da Tesla, a Zoox constrói seus carros do zero — sem volante, pedais ou motorista. A empresa acaba de inaugurar uma fábrica com capacidade para produzir 10 mil veículos por ano e se prepara para começar a operar em Las Vegas ainda em 2025. O foco da Zoox é o transporte urbano de alta densidade, e sua proposta é tão ousada quanto futurista: um veículo simétrico, elétrico e 100% autônomo para atender passageiros como um serviço premium.

Tesla, por sua vez, resolveu fazer diferente de todos. Em vez de sensores caros e mapas ultra precisos, aposta em inteligência artificial treinada com dados de sua própria frota global. Os primeiros robotaxis da empresa começaram a circular em Austin, no Texas, em junho de 2025. São modelos Model Y adaptados, com câmeras no lugar de sensores lidar, operando corridas reais a US$ 4,20 por trajeto. Elon Musk promete ir além: lançar em 2026 um carro sem volante, o "Cybercab", e permitir que qualquer dono de Tesla coloque seu veículo na rede, como uma espécie de Airbnb sobre rodas.

Essa corrida não é apenas tecnológica — é financeira. O mercado global de robotaxis é estimado em mais de US$ 950 bilhões até o final da década, podendo ultrapassar US$ 2 trilhões até 2040. Quem liderar essa transformação não apenas redefinirá o transporte urbano, mas também criará uma nova plataforma de serviços sobre rodas, com impacto em logística, delivery, mídia, entretenimento e até saúde.

No fim das contas, o que está em jogo não é só quem levará as pessoas de um ponto A ao B sem motorista. É quem dominará o próximo grande ecossistema digital, no qual cada carro autônomo será também um centro de dados, um hub de consumo e um espaço de interação. A nova batalha das big techs já começou — e ela está acelerando em direção ao nosso futuro.